Nº 723 - JULHO DE 2022
NÃO PODEMOS FICAR DE FORA
O setor industrial madeireiro sempre viveu de grandes desafios, com origens predominantemente modestas, geralmente baseadas em experiências familiares.
E assim, vencendo esses desafios, foi sobrevivendo com base no abastecimento proporcionado pelas matas nativas. Quem não se lembra da peroba rosa, cedro, mogno, canela e mais adiante o ipê, angico, maçaranduba, cumaru, entre tantas outras?
Pois é, um longo e penoso período de aprendizado e transformações, que levaram à necessidade de adaptações, em especial devido às crescentes restrições ambientais quanto ao uso de madeiras nativas e a uma nova percepção do mercado.
Enquanto isso, as áreas de plantios com o eucalipto e pinus vinham ganhando significativo espaço e, ainda que direcionados prioritariamente aos importantes setores de celulose & papel e à siderurgia, o setor industrial madeireiro soube aproveitar essa oportunidade, adaptando seus conhecimentos para a produção baseada em madeiras cultivadas, assim como para a conquista de mercados.
Hoje, são aproximadamente 8,5 milhões de hectares florestas plantadas, representando 1,7% das florestas brasileiras e o setor industrial madeireiro conta com mais de 53 mil empresas, gerando mais de 180 mil empregos diretos,
alcançando relevância mundial.
Dentro desse universo, o setor de preservação de madeiras ocupa uma posição bastante modesta. Ainda que no Brasil o número de empresas que se dedicam ao tratamento industrial da madeira seja significativo, há um preocupante índice relacionado à capacidade ociosa dentro do setor. Em outras palavras, a capacidade de produção está à frente da capacidade de consumo, acarretando um desiquilíbrio que reflete em um ambiente indesejável de forte concorrência, impactando nas margens.
Estimativas dão conta de que pelo menos 65% da produção de madeira tratada industrialmente são representados por moirões para cercas, produto de baixo valor agregado sem qualquer inovação embarcada. A produção de madeira tratada destinada ao setor construtivo, mercado de maior valor agregado e que demanda por inovações, não representa mais do que 15%.
Claro, o mercado de moirões e de outros produtos similares devem ser incentivados e ampliados ao máximo, não esquecendo que são produtos alinhados com os conceitos do preservacionismo, pois, evitam a derrubada de matas nativas, além de estarem em perfeita sintonia com o setor rural, em especial com a enorme expansão do setor agropecuário.
No entanto, atualmente, diante da aceitação universal relativa à utilização da madeira em sistemas construtivos industrializados, é imperativo ficar atento à gigantesca oportunidade que o setor da construção oferece nos dias de hoje.
Não se pode ignorar o enorme crescimento do mercado de madeira engenheirada e de sistemas baseados na utilização da Madeira Lamelada Colada Cruzada – MLCC, ou Cross Laminated Timber – CLT, como é mais conhecida, que permitem a execução de projetos construtivos com muitos pavimentos e que atendem à ordem mundial que determina a redução da emissão de gases de efeito estufa pelo setor da construção, monitorando a pegada de carbono.
A engenharia construtiva universal mudou!
O Brasil está nessa pegada! A engenharia construtiva por aqui está acompanhando esses movimentos e o setor industrial madeireiro já está desperto há algum tempo, com algumas indústrias e empresas já contemplando a produção, elaboração e execução de projetos com madeira engenheirada.
É um caminho sem volta e o setor de proteção de madeiras tem que estar preparado para dar respostas com produtos e processos que possam atender essa necessidade.
A ABPM já tem uma comissão interna formada, objetivando a criação de um texto de norma voltado à proteção de madeiras em sistemas construtivos industrializados, acrescentando que a revisão da NBR 16.143 – Preservação de
Madeiras – Sistema de Categorias de Uso encontra-se em fase final de revisão e que o Projeto ABNT NBR 16.936 – Edificações em Wood Framing encontra-se em fase de consulta pública, com publicação prevista para breve.
Para os mais interessados, clicando no link abaixo é possível acessar o conteúdo na íntegra de palestra apresentada no evento My Wood Home, realizado no ano passado, cujo conteúdo permite ampliar um pouco mais a percepção a respeito dessas novas oportunidades.
Boletim informativo mensal da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira (ABPM)
Presidente: Flavio Carlos Geraldo – Montana Química Ltda.
Diretor Vice-Presidente: Gonzalo Antonio Carballeira Lopez – IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)
Diretor Secretário: Jackson Cesar Correa Alves – Madtrat Madeiras Tratadas
Diretor Tesoureiro: Elcio Lacerda Lana – Arxada
Contato: info@abpm.com.br – www.abpm.com.br
Redação: Flavio Carlos Geraldo
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